Um dos barcos utilizados nos passeios no Rio Grande
Nada melhor que começar o ano realizando sonhos. Já plantei muitas árvores, ainda não fiz o filho e o livro tá prontinho há dois anos, mas faltava publicar. E não é que vai sair esse ano. Confesso que diante de tantas negativas, tantos obstáculos, já estava desanimada, mas finalmente mês que vem ele sai do forno.
O lançamento será em São Desidério, município onde nasce o Rio Grande, aproveitando as comemorações do aniversário da cidade e em maio pretendemos lançar aqui em Barreiras, também durante o aniversário do município.
O livro-reportagem é sobre o Rio Grande que corta sete cidades no Oeste da Bahia: nasce em São Domingos (distrito de São Desidério), passa por Barreiras, Santa Luzia (distrito de Angical), São José do Rio Grande (distrito de Riachão das Neves), Taguá (distrito de Cotegipe), Goiabeiras (distrito de Wanderley) e por fim em Barra.
Sou apaixonada por esse rio que sofre por anos a fio com a degradação e poluição. O livro, originalmente era um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a faculdade onde eu estava me formando, mas até encontrar alguém que topasse em tão pouco tempo percorrer as cidades banhadas pelo rio, levantar dados, procurar fontes e tudo gastando do nosso próprio bolso foi um imenso desafio, porém duas malucas, como eu, toparam: Ana e Jack, mas isso fica para o próximo post.
Eu, Jack e Aninha, as Meninas do Rio
Voltando a falar do livro, percorremos todas as sete cidades, passeamos pelo leito do rio de barco, conversamos com muitos pescadores, lavadeiras, idosos, historiadores, ribeirinhos, lemos muito, passamos muitos perrengues, quase não dormimos, mas comemos muito bem, obrigada. Na verdade, na hora de comer era a melhor parte das viagens rsrsr, muito peixe, saladinhas, comidinhas caseiras.
Muitas lágrimas derramadas de desespero imaginando não conseguir concluir o projeto, de felicidade no dia da defesa acadêmica onde estavam presentes nossos pais, amigos, colegas de turma, professores e ex-professores, de emoção percorrendo aquelas águas esverdeadas, de tristeza ao ver o assoreamento, lixo e esgoto em muitos trechos do rio.
E agora estamos tão perto de concretizar o sonho de lançar nosso livro para o público, compartilhar as maravilhas que garimpamos durante nossas pesquisas, os micos que pagamos, enfim, uma experiência única e inesquecível.
O livro contém 11 capítulos, algumas lendas, poesias e diário de bordo, sim foi tão inspirador que nós arriscamos escrever poesias despretensiosamente, e claro contar toda a aventura vivida durante viagens e noites insones dedicadas à escrita.
Alguns colaboradores foram tão marcantes que ganharam um capítulo no livro, como a professora Joana Camandaroba, o bispo Dom Luís Cáppio, o artesão Gerard. Mas todos que importunamos com milhares de perguntas e de tão bom grado nos responderam ficaram marcados em nossas memórias e eternizados nas quase 300 páginas do nosso livro. Durante as entrevistas fomos acolhidas com tamanho carinho que nos momentos de despedidas era difícil segurar as lágrimas. Recebemos cantadas de velhinhos quase centenários, tudo brincadeira, mas que nos fazia corar com os galanteios. O semblante marcado pelo tempo e a dureza de vida que tiveram não endureceram os corações dos nossos queridos colaboradores.
Eu, professora Joana Camandaroba e Ana em Barra-BA
As crianças que nos seguiam enquanto fotografávamos os cenários e gritavam pedindo para serem fotografadas foi outro momento marcante e de Meninas do Rio (apelido dado por nosso co-orientador, Marden) passamos recebemos outro apelido de Meninas das fotos pela garotada que em todos os lugares nos cercavam.
No livro destacamos também o período das navegações no Rio Grande, a vida dos remeiros, aguadeiras, lavadeiras e pescadores. Espero que os leitores mergulhem fundo na narrativa que muitas vezes parece até ficção, porém tirando as lendas, foi tudo real.
Além de cursar Jornalismo, nós três trabalhávamos durante o dia, o que dificultava mais ainda nossas viagens e pouco tempo tínhamos para estar com nossas famílias. Mas para alguns lugares fomos acompanhadas por meu pai, que serviu de guia e o pai da Aninha que nos serviu de motorista, em outra viagem o irmão da Ana foi nosso motorista e a mãe dela foi de acompanhante mesmo. Nosso projeto virou assunto obrigatório dentro de nossas casas, tivemos total apoio dos amigos, famílias e compreensão dos namorados, todos queriam participar de alguma maneira e isso foi fundamental para seguirmos adiante, mesmo quando o desespero e o desânimo se faziam presentes.
Agora falta pouco, em breve nosso sonho se tornará realidade. Um rio de histórias, um livro-reportagem simplesmente emocionante.
Eu em Barra durante pesquisa de campo
5 comentários:
Simplesmente fantástico...estou ancioso para ler este livro que tornou-se sua história.
Mas algo me desanimou...300 pgs? rsrsrs
Quanto mais melhor! Você merece LU!
kkk 282 páginas pra ser exata, mas você vai ler num tapa. Obrigada.
Parabéns por não ter desistido. Mas como Anderson estou anciosa só de ler sobre do que se trata o livro.
Parabéns para Ana e Jack tb.
Nossa!!! Que projeto interessantissímo. Pelo relato deu pra ver o quanto tempo, amor e energia vcs colocaram nesse livro. Não são muitos jornalistas/escritores que se dedicam a beleza e cultura do nosso Brasil, são tantas coisas que poderiam e deveriam ser contadas do nordeste, amazonas, tantas curiosidades do nosso Brasilzão que nem todos tem acesso.
O mais legal foi saber que vcs tiveram o apoio familiar.
Espero que o livro seja um sucesso. Parabéns!
Obrigada Débora e você tem razão, realmente nossa cultura não é valorizada por nós mesmos, por isso procuro aqui no blog contar algumas curiosidades regionais e a ideia do livro e tentar não deixar pro esquecimento as nossas riquezas. Muitos moradores daqui da região oeste da Bahia nem se quer ouviram falar de 1/3 do que narramos no livro e olha que faz parte do nosso quintal. Bom pretendo ir na Suécia no ano que vem, se Deus permitir e levarei alguns exemplares, caso interessar, a gente dá um jeito, bjs e muito obrigada.
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