Que mês de abril violento esse, nossa!
Mortes misteriosas, famílias indignadas, revolta, pavor nos olhos dos cidadãos, não me lembro de uma sequência tão mórbida como nesses últimos dias, recapitulando...
Seu Zé Norato, meu vizinho de quase uma vida toda desaparece em 05 de abril, um senhor de 80 anos com lapsos de memória, 11 dias após o desaparecimento, seu corpo é encontrado num buraco, no meio da mata, longe da cidade, despido com as roupas ao lado do corpo junto com o relógio e os óculos escuros, não levaram nenhum dos seus pertences, simplesmente um mistério, estamos aguardando o resultado da perícia.
Último dia de vaquejada, 21 de abril no Parque de Exposição, pai, mãe e cinco filhos assistem a corrida, calor insuportável e as crianças pedem para tomar banho no rio Grande que passa nos fundos do parque, a mãe os leva. A mãe sente falta do filho caçula, um dos irmãos avisa que o pequeno retornou para a vaquejada para ficar com o pai, a mãe reúne todos os filhos e vai ao encontro do marido e do filho, o garoto não está com o pai. É anunciado o desaparecimento no sistema de som do parque, bombeiros e polícia são chamados. Três dias depois é encontrado o corpo do garoto de seis anos enganchado em galhos dentro do rio, alguns quilômetros de distancia do local onde ele havia sumido.
Noite de 23 de abril, um policial militar sai de casa e não retorna. No dia seguinte um pedestre encontra uma cabeça humana perto de um canal de esgoto e avisa à polícia, as buscas são iniciadas, logo encontram o corpo no rio Grande, sem as pernas e braços. No final da tarde no mesmo rio encontram as pernas e os braços. Numa estrada vicinal bem distante do rio é encontrado o carro do policial incendiado, a família faz o reconhecimento. PM Renato, 31 anos, pai de uma menina de oito, nove anos como policial, segundo amigos e colegas, era dedicado ao serviço, muito prestativo e alegre.
No dia que encontraram o corpo esquartejado do PM, por volta de 21h, tiros foram ouvidos em diferentes bairros da cidade, meu irmão estava de plantão no SAMU e ligou para nossa casa avisando pra ninguém sair de casa, pois estava no hospital com gente ferida à bala e tinha mais duas ambulâncias com mais gente ferida e todos relataram a mesma coisa, estavam na rua quando passou um carro preto disparando tiros aleatoriamente, outras pessoas foram vítimas de atiradores num carro prata, foram oito pessoas feridas, um morreu com tiro na cabeça. E seguem as investigações.
Barreiras sempre foi uma cidade tranquila, cresceu rapidamente, atraiu muita gente de outros estados, óbvio que um município com cerca de 130 mil habitantes acontecem roubos, sequestros, assassinatos, porém casos esporádicos. Como dizem os mais velhos, “Está parecendo mês de agosto”, só sei que é tanta tragédia, muito sangue, lágrimas e dor.