Alguns engraçadinhos da minha família me chamaram de resto de parição, por eu ser a caçula e ainda por cima a mais mirradinha da casa. Nunca gostei dessa brincadeirinha infame.
Esta semana, fui até a costureira com a minha mãe e papo vai, papo vem, minha mãe e Vânia [costureira] começaram a trocar figurinhas sobre partos e aí minha mãe contou de um aborto espontâneo que teve. Nesse período minha família ainda morava em São José do Rio Grande, onde não tinha posto de saúde e médico raramente ia lá por meio do exército, então não tinha esse negócio de pré-natal. Parto quem fazia era parteira, inclusive tinha uma lá muito sábia, dona Maria de Dodô, quando a gestante estava sendo examinada por ela, sempre perguntava qual seria o sexo do bebê, ela tinha um olhar de ultrassom e respondia na lata sem pestanejar “Se não for homem, é mulher”.
Então, minha mãe disse que estava grávida do que seria o sexto filho com + ou - uns três meses de gestação, porém a barriga não crescia e ela tinha enjoos e febre. Daí ela veio à Barreiras e se consultou com um médico que receitou umas vitaminas pra ela e recomendou repouso. Retornou para casa, dias depois começou a sangrar, pediu ajuda à parteira, mas não teve jeito, minha mãe perdeu a criança. Ela conta que viu umas costelinhas parecendo de galinha e o feto já estava todo esbagaçado, isso foi em 25 de dezembro, minha mãe passou muito mal desse aborto, quase morreu, ela se lembra do quarto cheio de gente e a parteira tentando salvar a vida dela, aí uma mulher lembrou de fazer minha mãe beber leite materno e mainha, já mais pra lá do que pra cá, ouviu e falou que não bebia de jeito nenhum, então fizeram umas tiradas embebidas no leite materno e amarraram nos pulsos e tornozelos da minha mãe, e não é que funcionou, minha mãe melhorou mesmo.
Em janeiro minha mãe disse que a menstruação dela veio normal, porém teve cólicas horríveis. Já em fevereiro ela teve novamente hemorragia e viu uma casquinha no meio do sangue parecendo casca de tamarindo, a parteira viu e disse que era o crânio do bebezinho que ela havia perdido em dezembro, com os remédios caseiros expulsou tudo, ou quase tudo.
No mês seguinte, em março, a menstruação dela faltou, pronto ela já estava grávida novamente e adivinhem de quem… acertou quem pensou em euzinha aqui.
Aí esta a certeza, sou mesmo um resto de parição.
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