Quando criança eu apanhei muito de uma prima, a Rayane, ela é dois anos mais nova do que eu, mas pense numa criança insuportável, ela era aquele furacão, gritava muito, muito pirracenta e violenta, quando ela ia à casa de alguém, a dona da casa tinha medo, pois sabia que ela iria aprontar. Eu era uma criança boazinha, meiga, tímida, mas às vezes aprontava também, porém nem se compara as traquinagens da minha prima.
Nos finais de semana Rayane dormia em minha casa ou eu ia dormir na casa dela pra brincar, confesso que nunca gostei de dormir na casa dela, pois lá ela era muito pior, ela me batia e eu não podia revidar, pois tinha medo do meu tio Chiquinho ou da esposa dele, Amélia, ficarem com raiva de mim, então eu só apanhava e chorava, quando meu tio via as agressões castigava logo a monstrinha dele e brigava comigo por não revidar, afinal apesar de eu ser mais velha, nós éramos praticamente do mesmo tamanho e se brincar eu era mais magra que ela. A mãe dela também não dava moleza pra ela não, tentava de tudo pra domesticar aquela fera, mas Rayane não tinha jeito.
Certo dia na casa de meu tio, eu e Rayane estávamos sentadas no chão da cozinha brincando de casinha, quando Rayane se levantou e me mordeu no ombro, sem nenhum motivo ou talvez ela estivesse com fome neh, aí a bobona aqui foi chorar, meu tio viu a cena e repreendeu a filha e depois ele brigou comigo pra eu deixar de ser mole e bater em Rayane pra ela ter medo de mim, com as seguintes palavras: “Deixa de ser mole Lu, mete o pau na Rayane. Se continuar assim ela não vai te respeitar nunca e uma hora dessas ninguém vai esta por perto pra te socorrer”.
Sempre fui muito obediente e nesse dia coloquei um fim na carreira de psicopata da minha priminha. No cantinho da cozinha ficava um pilão, desses pequenininhos, Rayane puxou meu cabelo, engoli o choro, fui até o canto da cozinha e peguei a mão-de-pilão e bati em Rayane, quase matei a menina, a sorte que meu tio correu e não deixou eu dar a segunda e talvez a cacetada final. Tomou minha arma, meu passaporte para a liberdade, disse que eu não poderia fazer aquilo e eu pela primeira vez respondi alguém mais velho e falei pra ele que foi ele quem mandou em meter o pau nela, aí meu tio não teve mais argumentos e Rayane nunca mais na vida tentou me agredir. Aprendeu a me respeitar na marra.
Apesar do acontecido, nós nunca mais brigamos, continuamos uma dormindo na casa da outra para brincar até tarde, viramos cúmplices em muitas traquinagens, mas nada de violência, Hoje Rayane não lembra nem de longe aquela peste que ela foi um dia, é uma mulher calma, serena. Mas ela contesta quando eu digo que sempre fui boazinha. Não fui muito atentada, mas Rayane diz que eu era sonsa, enfim sou contra qualquer tipo de violência, mas nesse caso só resolvi meus problemas na porrada e Rayane me respeita até hoje e morremos de rir dessa história, o dia da minha vingança.
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