Já contei aqui no blog que sou filha de ex-vaqueiro né, pois então, meu pai passou a ser fiscal de fazendas e assim podia passar mais tempo em casa, porém quando precisava ele ia campear, vacinar e ferrar gado. Quando marcava essas atividades no final de semana, ele sempre me levava junto no jipe amarelo da Sertaneja.
Já nas fazendas ele costumava me levar na garupa do cavalo dele ou selava um animal bem mansinho para mim, e lá ia eu com meu pai e os vaqueiros, eu brincando de vaqueira. Se fosse preciso dormir na fazenda, pra mim isso era o melhor da brincadeira, pois logo cedo entre 4 e 5h meu pai me acordava pra ir para o curral, ele tirava leite da vaca e servia uma caneca de sambaia para mim (não sei como se chama em outras regiões, mas sambaia é aquela espuma quentinha quando se ordenha a vaca), esse gosto marcou muito minha infância, até hoje adoro tomar sambaia.
Quando meu pai e os vaqueiros iam campear longe ou em terrenos muito acidentados, geralmente eu ficava na sede da fazenda com a esposa e os filhos do vaqueiro, aí as galinhas viravam os bois, e dá-lhe tentativas de laçar as galinhas, ao contrário de meu pai e para a sorte das galinhas, eu era péssima no laço.
Nem sempre eu podia acompanhar meu pai nessas andanças, mas ele sempre se lembrava de trazer uma recordação do Cerrado para mim, como a florzinha do Pau-jaú que eu jogava para o alto e ela descia girando como uma hélice de helicóptero, frutas como a mangaba, araçá, puçá, araticum, menos o pequi, pois pai odeia o cheiro do pequi e também trazia manga, goiaba e caju que o pessoal da fazenda mandava para nós.
Acredito que foi devido esse contato com a natureza desde criança que me fez uma apaixonada pelo meio ambiente, pelos rios, pelos bichos, apesar de morrer de medo de bicho, meu pai foi responsável por moldar esse respeito e amor à natureza.
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